18 abril 2008

As Belas Aulas de Etologia e Psicologia Comparada....


Acho que ninguém se cansa das aulas de 4ª feira de Etologia e Psicologia Comparada.   :P 
Devem ser as aulas mais interessantes que alguma vez tive na vida!?!?! São tão interessantes, tão interessantes que a maioria dos alunos que as frequenta não dormem mesmo, como aconteceu como o Pedro (fotografia acima) mas para lá caminham....
E tenho dito!!!
bjokinhas secantes pa todos... :P

09 abril 2008

Continuando com Editors... um espectáculo e tanto, palavras para quê?!?!?

Bjokinhas afinadas

05 abril 2008

Editors ao rubro no Campo pequeno!!!!


Na quarta-feira, 2 de Abril, recebi a minha última prenda de anos... :P e que prenda! um bilhete para o concerto dos Editors (Bigada Sissi ;P).
Esta grande banda já esteve várias vezes em Portugal, e mais uma vez veio fazer as delícias dos seus fãs....
E que grande concerto. Primeira parte: Mobius band, 3 nova iorquinos com muito talento, em ínicio de carreira, sendo eles próprios a montar o seu palco e a desmontá-lo. e ainda no final do concerto de Editors vieram cá para fora para dar autografos, vender o seu álbum, 'tar com a malta... muito fofos... Foi pena realmente as duas caramelas que foram ver o espetáculo não serem daquelas pessoas sem lata na cara e pedirem para tirar uma foto... Mas o que lá vai, lá vai... :P
Segunda e grande parte: Editors. Com o campo pequeno ao rubro, os Editors deram um dos melhores concertos de sempre, a que já tive oportunidade de assistir... não tenho falhas a apontar, eles são simplesmente excelentes em palco, em especial o vocalista com a sua grande presença.... Simplesmente demais....
bjokinhas afinadas em Dó!!!! ;P

02 abril 2008

Cultura em orcas

Desta vez deixo-vos um trabalho que fiz e que me deu muito gozo fazer, espero que gostem.... ;)


O termo cultura tem a si associado vários sentidos. Segundo Galef (in Whiten, 2000) e Imanishi (in de Waal, 1999) a cultura nos humanos baseia-se na transmissão não-genética e partilha intencional de informação, através de sofisticados processos de aprendizagem social, nos quais se incluem a imitação e o ensino. Estes aspectos culturais são disseminados ao longo de grandes períodos de tempo e espaço, graças à linguagem, e sofrem durante esses períodos modificações cumulativas, que levam a uma evolução da cultura (Boesch & Tomasello, 1998). No caso dos animais, pensa-se que a transmissão de informação não ocorra através de mecanismos tão complexos, tratando-se por esta razão um mecanismo análogo, e não homólogo, à cultura nos animais. Muitos investigadores propõe assim ser mais adequado a utilização do termo tradição para referir a transmissão de conhecimentos nos animais (de Wall, 1999; Whiten, 2000). Porém, no presente trabalho, ir-se-á utilizar a definição de cultura segundo Rendell & Whitehead (2001b): partilha de informação ou comportamento por uma população ou subpopulação que é adquirida a partir dos seus coespecíficos por alguma forma de aprendizagem social, que está altamente associada ao meio e à estrutura social (de Wall & Tyack, 2003). É ainda importante considerar outros aspectos presentes na cultura, como mecanismos de transmissão, o tipo (vocais, materiais ou sociais), e os padrões de transmissão (vertical – entre geraçoes; ou horizontal – dentro das gerações), a estabilidade, evolução, adaptabilidade, o nível de similaridades culturais (grupo, subpopulação, área geográfica) e a quantidade de conformidade. Segundo esta perspectiva, é pois possível encontrar cultura em animais. Os elementos básicos da cultura em animais são a aprendizagem social (conhecimentos, vocalizações, etc.) e a utilização de instrumentos, que é transmitida, essencialmente, através da observação ou imitação dos coespecíficos. Estes comportamentos conferem um claro valor adaptativo, e a sua persistência é fundamental para a sobrevivência de populações viáveis (Laiolo & Jovani, 2006; Laland & Janik, 2006).
Estudos recentes têm-se debruçado sobre a cultura em animais, nomeadamente em primatas e cetáceos. Abordam as diferenças espaciais no comportamento e revelam um mosaico de fenótipos comportamentais dentro das espécies (Laland & Janik, 2006), tentando determinar se existe variação cultural por exclusão da aprendizagem asocial, ecológica ou factores genéticos. Existem evidências de que o comportamento de alguns cetáceos é determinado culturalmente. Para o estabelecer, é necessário excluir que a conformidade observada e a variação comportamental são produzidas por variação genética ou por aprendizagem individual em diferentes condições ecológicas. Três padrões gerais de comportamento têm sido utilizados para indicar cultura nos cetáceos: similaridade progenitora-cria, rápida dispersão de novas variantes comportamentais, e conformidade no grupo (de Wall &Tyack, 2003).
A aprendizagem social nos cetáceos foi detectada antes de terem início os estudos sobre cultura. Muitos destes estudos debruçam-se sobre o domínio das vocalizações. Chamamentos e canções são mais facilmente reconhecidos como uma forma de aprendizagem social, visto que sinais de comunicação apenas podem ser transmitidos de um indivíduo para o outro (de Wall &Tyack, 2003). Porém, outros domínios de aprendizagem social têm sido focados, particularmente especializações de “
foranging”e tradições migratórias. Dentro do grupo dos cetáceos, as orcas parecem satisfazer a maioria das condições para a existência de cultura, tendo sido documentadas numerosas diferenças regionais em alguns comportamentos, atribuídos à aprendizagem social, e por tal relativos a variações culturais ou tradicionais. Um desses comportamentos é o de arrojamento em orcas (Orcinus orca), durante o “foraging”(Laland & Janik, 2006) (Fig.1).

Figura 1. Comportamento de arrojamento por uma orca na praia de Punta Norte, Argentina (A).

Este comportamento foi descrito por Guinet (1991 in de Wall &Tyack, 2003) para as orcas que se alimentam de mamíferos do Arquipélago de Crozet e de Punta Norte na Argentina, como um “instrumento” na caça de leões marinhos. Contudo, as populações de orcas que alimentam de mamíferos do nordeste do Pacífico apresentam diferentes estratégias de caça, perseguindo as suas presas principalmente na água. Esta diferença de estratégias de “foraging” pode dever-se ao facto dos leões marinhos permanecerem em praias que permitem o arrojamento nas Ilhas Crozet, enquanto que no nordeste do Pacífico preferirem zonas rochosas. Mas será que o comportamento de arrojamento intencional é aprendido, e passado às gerações seguintes por ensino e imitação?
Guinet e Bouvier (1995 in de Wall &Tyack, 2003) descreveram um número de eventos onde duas orcas juvenis praticavam o comportamento de arrojamento intencional em conjunto com a sua progenitora ou outro adulto fêmea do grupo. Durante estes eventos foi também possível observar uma fêmea a empurrar a sua cria para a praia, presumivelmente para ensiná-la a caçar leões marinhos. Estes eventos são exemplos impressionantes da aprendizagem social em orcas, mas não são suficientes para ser designados de culturais, uma vez que são poucas as evidências de que estes comportamentos se disseminam por outras orcas do mesmo grupo. Isto não indica que este comportamento não seja transmitido por imitação (de Wall &Tyack, 2003). Afinal de contas, é obvio que o arrojamento intencional é perigoso e pode por em perigo a vida do animal, alguns animais podem não correr este risco, e talvez fácil a aprendizagem deste comportamento enquanto juvenis. Para afirmar com certeza que o arrojamento intencional, utilizado como estratégia de “foraging”, é determinado culturalmente seria necessário observar que os juvenis foram ensinados a utilizar esta estratégia e que a transmitem, posteriormente, às suas crias(de Wall &Tyack, 2003) .
Além das estratégias de “foraging”, também as vocalizações na população de orcas residentes do nordeste do Pacífico são passíveis de serem determinadas culturalmente. Esta população vive em grupos estáveis, grupos matrilineares, que consistem de uma fêmea (matriarca) e os seus descendentes, machos e fêmeas (até quatro gerações). Estes indivíduos comunicam entre si através de dialectos específicos ao grupo em que estão inseridos. Verificou-se a existência da partilha de padrões de vocalizações entre grupos matrilineares, parecendo estes padrões reflectir um grau de parentesco entre si (de Wall &Tyack, 2003). A questão que se coloca é se o padrão de partilha das vocalizações é resultado de aprendizagem social ou se é apenas o resultado passivo do processo de separação de grupos, e por isso se podem ou não ser considerados culturais?
Ford (1991 in de Wall &Tyack, 2003) verificou que alguns grupos de orcas residentes, da Colômbia Inglesa e do sul do Alasca, partilham parte dos reportórios de vocalizações, formando, deste modo, “grupos” acústicos, com base nas similaridades das vocalizações, sendo designados de “clãs”. Os clãs parecem reflectir linhagens de vocalizações de grupos matrilineares relacionados, podendo a manutenção das vocalizações ser considerada como uma tradição vocal caso fosse demonstrado que as vocalizações são aprendidas dentro do grupo matrilinear (de Wall &Tyack, 2003). Um pequeno número de observações suportam a noção de aprendizagem a partir de inferências feitas com base em similaridades de vocalizações entre parentes maternais, fazendo da aprendizagem vocal dentro do grupo matrilinear a melhor explicação para a partilha de padrões de vocalizações observados. Foram também observadas imitações de vocalizações em cativeiro por orcas com diferentes ancestrais regionais, e no seu habitat natural Ford (1991 in de Wall &Tyack, 2003) registou o mesmo fenómeno. Também Deecke e os seu colegas (2000 in de Wall &Tyack, 2003) documentaram a transmissão horizontal e oblíqua de características estruturais de vocalizações entre parentes próximos inseridos em diferentes linhas matriarcais . Todas estas observações fazem das vocalizações um comportamento que poderá ser determinado culturalmente.
Para além dos comportamentos mencionados existem outros que também são possíveis candidatos a comportamentos determinados culturalmente, como a “cerimónia de boas vindas” da população de orcas do sul do Alasca (Osborne, 1986 in de Wall &Tyack, 2003), ou a técnica de “captura em carrossel”de arenques na população de orcas do norte da Noruega (Simila & Ugarte, 1993 in de Wall &Tyack, 2003), entre
outros, mas que necessitam de um estudo mais aprofundando para que possam ser feitas tais inferências.




Referências bibliográficas:

Boesch, C. & Tomasello, M. 1998. “Chimpanzee and Human Cultures”. 
Current Anthropology 39 (5): 591.

de Waal, F.B.M. 1999. “Cultural primatology comes of age”. Nature 399, 635-636

de Wall, F.B.M. & Tyack, P.L. 2003. “Animal social complexity: intellegence, culture, and individualized societies”. Harvard University Press. London. England. 616 pp.

Quiatt, D. & Reynolds, V. 1993. “Primate behaviour: information, social knowledge, and the evolution of culture”. Cambrigde University Press. Great Britain. 322pp.

Krützen, M, Mann, J, Heithaus, M.R., Connor, R.C., Bejder, L. & Sherwin, W.B. 2005. “Cultural transmission of tool use in bottlenose dolphins”. PNAS 102 (25): 8939-8943.

Laiolo, P. & Jovani, R. 2006. “The emergence of animal cultural conservation”. TRENDS in Ecology and Evolution 22 (1): 5.

Laland, K.N. & Janik, V. M. 2006. “The animal cultures debate”. TRENDS in Ecology and Evolution 21(10): 542-547.

Marcoux, M., Rendell, L. & Whitehead, H. 2007. “Indications of fitness differences among vocal clans of sperm whales”. Behav Ecol Sociobiol 61:1093–1098.

Perry, S.E. 2006. “What Cultural Primatology Can Tell Anthropologists about the Evolution of Culture”. Annu. Rev. Anthropol. 35:171–90

Ramsey, G., Bastian, M. L. & van Schalk, C. 2007. “Animal innovation defined and operationalized”. Behavoiral and Brain Sciences 30: 393-437.

Whitehead, H. 2005. “Genetic Diversity in the matrilineal whales: models of cultural hitchhiking and group-specific non-heritable demographic variation”. Marine Mammal Science 21(1): 58-79.

Whiten, A. 2000. “Primate culture and social learning”. Cognitive Science 24(3): 477-508.

A.
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bjokinhas à moda tradicional... ;P